quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Retornados: um amor nunca se esquece

Qualquer jornalista está treinado para simplificar e entusiasmar a sua audiência. Ainda assim, são escassos aqueles que conseguem ficcionar uma boa história. O primeiro livro de Júlio Magalhães é um exemplo de sucesso. 

A escrita simples, a linguagem clara e a história misteriosa transparecem uma visão jornalística transformada em conto romancista. O suspense, sempre presente, enche o leitor de expectativas, frustrações e até alegrias, que rapidamente se desvanecem. 

O misto de felicidade dos confiantes numa vida mais sorridente alia-se ao desalento dos que abandonam não uma casa, não um emprego, mas a esperança.

Muito há a dizer sobre a época do colonialismo português, mas poucos são os livros que relatam a história pela voz do Povo. O abandono, a perda, a desistência. Sentimentos contados em conversas descontraídas (mas repletas de emoção) entre a hospedeira Joana e os passageiros que integram o Voo 233. A viagem de Luanda para Lisboa constrói uma ponte sobre a dicotomia de uma guerra polémica.

"Os Retornados" despertam uma reflexão sobre a consciência, o amor, a vida. O medo de começar de novo e a escassa esperança para enfrentar o futuro são apimentados, brilhantemente, com um pouco de açúcar em cima de uns ovos estrelados. 

Iletradas
Autor     Júlio Magalhães
Publicação    2008
Editora    Esfera dos Livros 
ISBN    9789896260941

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