quinta-feira, 30 de junho de 2011

PerfIletrado: Juan Luis Cébrian

Nome Completo Juan Luis Cébrian Echarri
Nascimento 30 de Outubro de 1944
Biografia Nasceu em Madrid e sempre vivei ligado ao mundo jornalístico. O pai, Vicente Cébrian, foi um jornalista conceituado durante a ditadura Franquista. Durante a adolescência quis seguir uma carreira eclesiástica, mas rapidamente a trocou pelo Jornalismo. Tinha apenas 19 anos quando completou os cursos de Filosofia e de Jornalismo.

Experiência Profissional Redactor-chefe do "Pueblo" e fundador da revista "Cuadernos para el diálogo" (1963). Chefe dos Serviços Informativos de RTVE (1974). Fundador do diário "El País" (1976). Presidente do Instituo Internacional de Imprensa (1986-1988). CEO do Grupo Prisa (1988). Presidente-Executivo do Grupo Prisa (2008).

Obras Publicadas 
La Prensa en la Calle: escritos sobre Periodismo (1980)
La España que bosteza: apuntes para una historia de la transición (1981)
Qué pasa en el mundo? Los medios de información de masas (1981)
Crónicas de mi país (1985)
La Rua (1986)
Los Medios en Europa (1987)
Retrato de Gabriel García Márquez (1989)
La Isla del Viento (1990)
El Tamaño del Elefante (1993)
El Siglo de las Sombras: meditaciones urgentes de un europeo de hoy (1994)
Cartas a un Joven Periodista (1997)
Exaltación del vino y de la aegría (1998)
La Red: cómo cambiarán nuestras vidas los nuevos medios de comunicación (1998)
La Agonía del Dragón (2000)
Epílogo para adolescentes en Cartas a un joven periodista (2003)
Francomoribundia (2003)
EL Fundamentalismo Democrático (2004)
El Pianista en el Burdel (2009)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cartas a um Jovem Jornalista


Este livro não é destinado apenas àqueles que têm dúvidas em seguir uma carreira na profissão da informação. Também os que já estão inseridos nesse meio, ou até mesmo simples cidadãos anónimos, devem enriquecer a sua cultura com a leitura deste manuscrito.

Quem se aventura pelas cartas de Cébrian a Honório, assim se intitula a personagem fictícia que o questiona sobre as malhas do jornalismo, não se apercebe da distinção entre o destinatário e o próprio leitor. O autor cria um ambiente de intimidade que chega a ser de amizade. 

Cébrian defende que a comunicação é poder e, numa sociedade capitalizada, o jornalista é essencial para proteger os interesses do serviço público. A vocação existe, mas a aptidão para o jornalismo não é mais do que ser curioso em relação ao mundo, ser culto em várias áreas (sabendo admitir a falta de conhecimento), ser lutador e, acima de tudo, ser seduzido pela actualidade. 

Cébrian sustenta que a fronteira entre o íntimo e o público é incerta, mas o direito de informar é soberano.
Face a este cenário de “cinismo moral” é crucial a defesa do profissionalismo. Actualmente, o desejo de aparecer e manipular os meios de comunicação criou um “jornalismo misto de meias verdades com mentiras gigantes”. O autor alerta que os media estão cheios de ruído, sendo urgente uma “limpeza do ofício”.

A obra peca pela ausência de soluções perante várias críticas, como a regulamentação. Além disso, não é explícito como é possível um jornalista ter uma ética moral sem qualquer tipo de formação, já que não considera necessário o curso universitário para o exercício da profissão.

Com o final aberto de Honório cabe a cada um encaixar a sua própria história. “Cartas a um jovem jornalista” envolve o leitor num mundo que não o seu, mas que suavemente invade o pensamento de dúvidas sobre as suas próprias escolhas.

Iletradas
Autor     Juan Luis Cébrian
Publicação    1988
Editora    Bizâncio
ISBN    9789725300176

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma Noite não são Dias

Ser engraçado não é fácil. Ter piada é ainda mais difícil. Escrever um livro humorístico parece uma missão impossível. Mário Zambujal transporta a sua personalidade mulherenga, divertida e atenta para uma história vivida em 2044.

Anthony e James (no futuro, os nomes são todos adaptados à língua inglesa) frequentaram juntos a escola até ao 14º ano de escolaridade obrigatória e reencontram-se após quase uma vintena de anos. António vive na Avenida Vertical que, apesar de soar a nome de rua, é um prédio com 98 andares. Os arquitectos projectam edifícios virados para o céu, com praças para satisfazer todas as necessidades do ser humano.

Em 2044 tudo mudou. O Governo, composto maioritariamente por mulheres (os homens são meros secretários), quer alterar a idade da reforma de 81 anos para 84 anos. Existem roubos por "helijéquingue", a pandemia "tosse das rãs" e fábricas a despedirem robôs por excesso de produção.  As refeições caseiras "passaram à historia", foi descoberto petróleo no Algarve e até o campeonato feminino de futebol tem o triplo de espectadores do campeonato masculino.

Contudo, há hábitos que não passam de moda. Ainda existem jornais impressos (se bem que a leitura no computador não suja as mãos) e, devido à excessiva evolução tecnológica, as anciãs cartas são usadas no dia-a-dia, pois em qualquer telemóvel há uma escuta.

A história retrata um Portugal futurista, talvez infeliz. As mudanças sociais, naturais, políticas e pessoais ditam hábitos que hoje parecem surreais, mas que, sem qualquer acto de magia, podem tornar-se realidade. Mário Zambujal não nem tenta ser adivinho, mas desperta consciências através de uma perspectiva real do que poderá ser o futuro do Homem.

Um livro de leitura fácil e perfeito para provocar sorrisos e gargalhadas. A geração precedente, a geração actual e as próximas gerações devem reflectir sobre os actos de todos e de cada um. E, como o próprio autor defende, a moral da história é "as pessoas mudam o mundo, o mundo não muda as pessoas".

Em 2044 conversamos.

Iletradas
Autor     Mário Zambujal
Publicação    2009
Editora    Editorial Planeta
ISBN    9789896570309

PerfIletrado: Mário Zambujal

Nome Completo Mário Joaquim Marvão Gordilho Zambujal
Nascimento 5 de Março de 1936

Biografia Nasceu em Moura, no Alentejo. A adolescência foi vivida no Algarve, onde começou a carreira de jornalista no semanário "Os Ridículos".



Experiência Profissional Jornalista desportivo na RTP. Apresentador do "Domingo Desportivo" (RTP). Colaborador de "Pão de Manteiga" com Carlos Cruz (Rádio Comercial). Chefe de Redacção do Record, do Diário de Notícias e de O Século. Director de Espectáculos "Se7e" e do semanário "Tal & Qual". Colunista do jornal 24 Horas. Jornalista no Diário de Lisboa e no A Bola.

Obras Publicadas 
Crónica dos Bons Malandros (1980)
Histórias do Fim da Rua (1983)
À Noite Logo se Vê (1986)
Fora de Mão (2003)
Primeiro as Senhoras (2006)
Já Não se Escrevem Cartas de Amor (2008)
Uma Noite Não São Dias (2009)

sábado, 18 de junho de 2011

PerfIletrado: Mario Vargas Llosa

Nome Completo Jorge Mario Vargas Llosa
Nascimento 28 de Março de 1936
Biografia Nasceu numa família de Classe Média, viveu os primeiros anos de vida na Bolívia e, mais tarde, regressa ao Peru. Aos 14 anos ingressa no Colégio Militar Leôncio Prado, em La Perla, por vontade do pai. Essa experiência é o tema do seu primeiro livro "La Ciudad y los Perros". Estudou Letras e Direito na Universidade Nacional Mayor de San Marcos, em Lima. Venceu o Nobel da Literatura em 2010.

Experiência Profissional Doutorado em Filosofia e Letras, pela Universidade Complutense de Madrid, com a Bolsa de Estudo "Javier Prado". Presidente da Comissão de Investigação à morte de oito jornalistas (1983). Fundador do movimento político liberal contra a estatização da economia (1987). Professor Académico na Universidade de Princeton, em Nova Jersey.


Obras Publicadas 
Os Chefes (1959)
A Cidade e os Cães (1963)
A Casa Verde (1966)
Os Filhotes (1967)
Conversa n'A Catedral (1969)
Pantaleão e as Visitadoras (1973)
A Tia Júlia e o Escrevedor (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
História de Mayta (1984)
Quem matou Palomino Molero? (1986)
O Falador (1987)
Elogio da Madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993)
Como Peixe na Água (1993)
Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997)
Carta a um Jovem Romancista (1997)
A Festa do Chibo (2000)
O Paraíso na Outra Esquina (2003)
Travessuras da Menina Má (2007)
O Sonho do Celta (2010)

A Tia Julia e o Escrevedor

Muitos críticos defendem que para conquistar um Nobel é necessário existir uma pitada de excentricidade, alienação e até loucura. Este é um caso de loucura sem extravagância.

Varguitas é um jovem que, inevitavelmente, se apaixona pela sua Tia Julia. A paixão consuma-se inicialmente longe dos olhares da família, mas aos poucos é conhecido o segredo das frequentes idas ao cinema. Ingenuidade e maturidade confundem-se nos actos irreflectidos de dois apaixonados.

O palco principal da história é a Rádio Central de Lima, local de trabalho de Varguitas. Nesse espaço, o jovem conhece Pedro Camacho, que, apesar de ser uma personagem secundária, assume um papel crucial na representação da loucura e insanidade. Numa época em que a Rádio informava, entretinha e criava sonhos, Camacho ficciona novelas sonoras com personagens singulares. A pouco e pouco, Camacho mistura todas as suas histórias e indigna os seus ouvintes.

Esta história desperta  a reflexão sobre o amor entre familiares e em idades distintas. Esta aventura desmedida é construída na própria consciência do leitor. Um livro de leitura difícil, mas recomendável, não fosse digno de Nobel.

Iletradas
Autor     Mario Vargas Llosa
Publicação    1988
Editora    Dom Quixote
ISBN    9789722043304

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PerfIletrado: Júlio Magalhães

Nome Completo Júlio de Serpa Pinto Magalhães
Nascimento 7 de Fevereiro de 1963
Biografia Nasceu em Portugal e com apenas sete meses foi para Luanda. Regressou em 1975 ao Porto. Aos dezasseis anos iniciou a carreira no Jornalismo, tornando-se colaborador de "O Comércio do Porto", na editoria de Desporto.


Experiência Profissional Jornal Europeu, O Liberal, Rádio Nova, RTP (Jornalista e Apresentador do Programa da Manhã e do Jornal da Tarde). Director de Informação da TVI (Setembro de 2009 a Fevereiro de 2011). Actualmente, Editor e Pivot dos Telejornais de fim-de-semana da TVI.


Obras Publicadas 
T'Antas Glórias (2003, Prime Books)
T'Antas Glórias - Edição Especial (2004, Prime Books)
Campeões Carago! (2004, Prime Books)
Professor, Boa Noite! (2004, Bertrand)
O Meu 1º Livro do FCPorto (2005, Prime Books)
Memorial do F.C. Porto - 100 Glórias (2006, Quidnovi)
F. C. Porto - 100 Momentos (2007, Quidnovi)
Os Retornados (2008, A Esfera dos Livros)
365 Razões para ser Portista (2008, Quidnovi)
O Amor em Tempos de Guerra (2009, Esfera dos Livros)
Longe do Meu Coração (2010, Esfera dos Livros)
Por Ti Resistirei (2011, Esfera dos Livros)

Os Retornados: um amor nunca se esquece

Qualquer jornalista está treinado para simplificar e entusiasmar a sua audiência. Ainda assim, são escassos aqueles que conseguem ficcionar uma boa história. O primeiro livro de Júlio Magalhães é um exemplo de sucesso. 

A escrita simples, a linguagem clara e a história misteriosa transparecem uma visão jornalística transformada em conto romancista. O suspense, sempre presente, enche o leitor de expectativas, frustrações e até alegrias, que rapidamente se desvanecem. 

O misto de felicidade dos confiantes numa vida mais sorridente alia-se ao desalento dos que abandonam não uma casa, não um emprego, mas a esperança.

Muito há a dizer sobre a época do colonialismo português, mas poucos são os livros que relatam a história pela voz do Povo. O abandono, a perda, a desistência. Sentimentos contados em conversas descontraídas (mas repletas de emoção) entre a hospedeira Joana e os passageiros que integram o Voo 233. A viagem de Luanda para Lisboa constrói uma ponte sobre a dicotomia de uma guerra polémica.

"Os Retornados" despertam uma reflexão sobre a consciência, o amor, a vida. O medo de começar de novo e a escassa esperança para enfrentar o futuro são apimentados, brilhantemente, com um pouco de açúcar em cima de uns ovos estrelados. 

Iletradas
Autor     Júlio Magalhães
Publicação    2008
Editora    Esfera dos Livros 
ISBN    9789896260941

Letras de Ninguém

Letras,
Essas malvadas!
Criam excentricidades, crueldades, verdades.

Letras,
Essas carinhosas!
Contam histórias, glórias, memórias.

Letras,
Essas amigas!
Essas inimigas!
Colidem de mão em mão.

Letras essas,
Não são de ninguém.

Fabíola Maciel (2011)